Izaias Resplandes de Sousa, pedagogo, professor de
Matemática e advogado militante em Mato Grosso.
“A educação
vai mal”. Esse é o eco que se ouve nesse Brasil cada vez mais recheado de gente
por todos os lados. De gente, de carros, de lixo e de miseráveis gentalhas, pessoas
que estão se mantendo vivas abaixo da linha das gentes, em condições subumanas.
E no eco dos ecos se ouve muito que “o culpado” disso tudo é o professor,
categoria em que me encaixo.
É de ver
que não resisto à boa crítica. Sou a favor das avaliações de meu desempenho
enquanto professor. Aliás, faço sempre o meu ato pessoal de contrição no que se
refere à minha atuação. Reconheço a minha culpa em muitas de minhas ações que
não deram certo e em tantas omissões e covardias, por ter amarelado e sequer
tentado em outras tantas situações. Repito que aceito a crítica e que também faço
a autocrítica. Mas, discuto a mera crítica pela crítica, que não aponta uma
eventual solução para os nossos dramas de incompetência profissional. Criticar
sem mostrar pelo menos uma idéia de como resolver o problema, ao meu juízo é pura
abobrinha chocha inapreciável. Pelo direito de falar e de ouvir, eu escuto, às
vezes discuto, mas na maioria dos casos deixo que entre por um ouvido e saia
pelo outro, ou então, para não me arrepender mais tarde, que se arquive na
lixeira recuperável, para o caso de poder ser utilizada algum dia, se de alguma
forma se tornar apreciável.
Sim, é possível que a educação vá mal. O que precisaríamos
descobrir, para servir como parâmetro é quando foi que ela esteve bem, se é que
algum dia ela tenha sido boa. E olhe que isso não é desabafo de professor
inútil e incompetente, que talvez seja o que eu seja. Não! Isso é autocrítica.
Isso é uma conversa comigo mesmo, numa tentativa de dialogar com alguém na
busca de uma solução que produza a tão cobiçada educação de qualidade.
Sabemos que toda regra tem exceção e que no meio dessa
multidão que simplesmente prossegue, “tocando em frente” como diz o Almir Sater,
como uma “Maria que vai com as outras” ou como boi e vaca em estouro de boiada,
existem aqueles que pensam e agem de forma a fazer a diferença. Tenho defendido
a nivelação do ensino de qualidade por estes, valorizando o seu esforço para
ultrapassar as linhas da média, porque acredito que serão eles que realmente
farão a diferença em prol de todos nós, que simplesmente choramos, lamentando o
fato de que “Inês já é morta”, mas nada fazemos para que nós e as demais Inezes,
também não sucumbam ao mesmo desatino cruel, por conta da falta de respostas reparadoras.
Eu cogito que, proporcionalmente falando, a educação formal, aquela
ministrada em escolas, continua mantendo os mesmos índices de aproveitamento de
todos os tempos, ou seja, pouco mais que nada. De igual forma, cogito também
que as pessoas que têm se destacado no aprendizado escolar de alguma arte do
saber e proporcionado alguns avanços para os nossos males de progresso e
desenvolvimento são exatamente aquelas que bem pouco necessitaram de seus
mestres para adquirirem os fundamentos básicos de sua formação. Elas já
chegavam na escola com essa base pronta. E, justamente por isso, podiam exigir
deles uma orientação mais especializada, o que lhes possibilitavam avançar
sempre, enquanto seus demais colegas de classe patinavam nas recuperações e provas
de vexames finais para conseguirem passar de ano.
Ao propor a nivelação do trabalho educacional por cima da
média e não por baixo, como se costuma fazer em nossos dias, não estou pensando
como Hitler e seu grande apego pela raça ariana, que considerava superior às
demais e que, por conseguinte seriam as que deviam sobreviver, enquanto que as
demais, como os judeus, por exemplo, deveriam ser eliminadas. Não estou
querendo eliminar ninguém , tampouco ressuscitar teorias de controle do
crescimento populacional como as Malthus que recomendava “a sujeição moral de
retardar o casamento, a prática da castidade antes do casamento e que se
tivesse apenas o número de filhos que se pudesse sustentar”. Pelo contrário...
Meu desejo e minha eterna busca são no sentido de salvar a
todos, até
que consigamos encher, não apenas o planeta Terra, mas sim, todo o
universo, como determinou o Deus criacionista, no qual eu creio, quando criou o
primeiro casal de humanos: crescei, multiplicai e enchei a terra. Cogito que,
em um futuro bem distante, talvez tenhamos que pensar em controle de
natalidade, mas não por hora, quando ainda imaginamos a existência de tantos e
tantos planetas desabitados por esse universo afora.
No compasso
da Teoria da Nivelação Por Cima da Média que ora defendo, proponho que se faça
em favor de todos, apenas a chamada educação básica, com critérios rígidos de
progressão, para que se dêem oportunidades de reação às mentes presentes no
processo formativo, no intuito de buscarem ser selecionadas para a fase
seguinte. Somente os melhores deverão
ser promovidos de fase, de série ou de ano como se costuma denominar o
progresso no ensino formal. A reprovação será benéfica, pois fará com que o
indivíduo busque sair do comodismo. E assim, com essa estratégia seletora se
vai formando o grupo das pessoas geniais que não avança aritmeticamente, mas
sim, geometricamente, aqui novamente relembrando Thomas Maltus.
Ao diminuir
o número de pessoas nas etapas do ensino que vão além da
educação básica,
dispor-se-á de muito mais recursos materiais e financeiros, para dar suporte a
esse trabalho avançado, em favor da sobrevivência da grande maioria
populacional.
Os
professores dos níveis superiores serão bem remunerados. Não terão que se matar
de trabalhar para garantir sua subsistência com um mínimo de dignidade. Trabalharão
jornadas saudáveis. Terão alimentação, descanso e lazer de qualidade.
Desfrutarão de boas companhias sexuais e conseguirão extravasar seu estresse ao
final de cada jornada. Serão pessoas bem humoradas, bem dispostas, felizes e
super produtivas.
Os grupos
de pesquisa de soluções para os males da humanidade serão bem sucedidos porque
terão suas necessidades básicas e fundamentais devidamente atendidas. Conforme
prevê a Teoria de Maslow, estarão muito bem motivados para encontrar soluções
que permitam um viver ainda mais excepcional. E então os homens poderão
desfrutar de um eterno welfare state, teoria originária no pensamento keynesiano
surgida após a Grande Depressão dos anos trinta.
Pelos
princípios do Estado de bem-estar social, todo o indivíduo teria o
direito,
desde seu nascimento até sua morte, a um conjunto de bens e serviços que
deveriam ter seu fornecimento garantido, seja diretamente através do Estado ou
indiretamente, mediante seu poder de regulamentação sobre a sociedade civil.
Esses direitos incluiriam a educação
em todos os níveis, a assistência médica gratuita, o auxílio ao desempregado, a
garantia de uma renda mínima, recursos adicionais para a criação dos filhos,
etc.
Defendo
ainda que a educação infantil seja responsabilidade dos pais e que o Estado
tutele apenas a educação dos órfãos e dos muito necessitados. Caberá aos pais a
incumbência de contratar pedagogos para conduzir, segundo os valores familiares
de cada família, a educação dos pequenos infantes, quando eles mesmos não puderem
levar a cabo essa nobre missão de promoção da educação de berço.
A educação
infantil será realizada de forma lúdica. A criança deve aprender brincando, de
forma prazerosa, desfrutando da agradável companhia de seus pais, avós e outros
ancestrais que ainda estiverem vivos.
Seguindo
esses princípios, com certeza teremos
uma educação de qualidade para todos, investindo os recursos públicos de forma
mais intensa na formação das mentes que mais genialmente se destacarem durante
o período da educação básica obrigatória e gratuita prestada pelo Estado.
Essas são as
linhas gerais da proposta que tenho para produzir uma educação de qualidade que
redunde em benefício para todos os homens, nadando em confronto direto contra a
Teoria da Educação Nivelada Por Baixo, atualmente praticada em nosso país.