Confraternização!
Quando
vai chegando o fim do ano, eis que temos festas de confraternização para todo
lado. É na escola; é na empresa; é em casa de algum parente... Todo mundo quer
festejar e comemorar o ano de vida que teve e a possibilidade, quem sabe, de
poder viver mais um ano.
Será
que é errado fazer festa? Será que é errado celebrar? Reunir? Estar junto de
pessoas que amamos? De pessoas com quem convivemos o ano todo?
Entendo
que a confraternização está no Espírito de Cristo. Estar junto das pessoas a
quem amamos é demais!
O salmista diz: “Oh! quão bom e
quão suave é que os irmãos vivam em união. É como o óleo precioso sobre a
cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas
vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de
Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre”, Salmos 133:1-3.
A comparação que o salmista faz
entre o viver em união e o orvalho do monte Hermon é algo digno de ser
comentado.
O monte Hermon possui uma altura
de 2.814 m. Seu pico está sempre coberto de neve, enquanto que ao seu redor a
terra é seca por causa do sol ardente do verão. A pesquisa nos revela então, que
o pesado orvalho do monte rega toda a região em volta, fazendo da mesma uma
área muito fértil e produtiva.
Mas o comentário que queremos
fazer é sobre o encontro dos ventos quentes do Neguev (cujas temperaturas
superam os 50 graus no verão) com os ventos gelados do monte Hermon. Quando
isso acontece, ocorre sobre a cidade uma brisa de frescor agradável. Eu não sei
se tiveram alguma experiência semelhante, mas me recordo de quando trabalhava
na fazenda molhávamos a camisa de suor,
por conta do exercício e do calor intenso. Então, às vezes, uma nuvem cobria o
sol e um vento leve soprava em nossa direção. Quando isso acontecia, várias
vezes eu parei o serviço e abri os braços para sentir aquele frescor agradável.
Eu creio que Davi aqui se refere a essa sensação de prazer.
E sendo esta ou não a interpretação
mais adequada desse texto, sobre o qual já li e ouvi tantas outras, o que nos
interessa ao citar o texto é a questão do prazer provocado pela união de
pessoas que se identificam e que tem algo em comum e que no Salmo 133, Davi
chama de “irmãos”. Acredito que, numa interpretação literal, Davi aqui destaca
a união das doze tribos de Israel, que aconteceu durante o seu reinado e não
aos seus irmãos carnais, os filhos de Jessé.
Entendo que a metáfora é perfeita
para explicar um pouco sobre a satisfação e o prazer provocado por uma
confraternização de pessoas que se identificam de alguma forma, como os colegas
de serviço, colegas de aulas, membros de uma família, membros de uma igreja...
Em todas essas situações, o sentimento de gozo por estar ali, toma conta de
todos.
Nós passamos o ano inteiro
correndo de um lado para outro com os nossos quefazeres, sejam materiais, sejam
espirituais, de tal forma que quase não temos tempo nem para a família nuclear
(esposa, esposo e filhos). E isso não é bom.
Nos dias de Jesus na Terra, temos
um importante registro de suas palavras em Mc. 6:31, que diz o seguinte: “Vinde
vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. Porque havia muitos
que iam e vinham, e não tinham tempo para comer”.
Trabalhar faz bem ao espírito e é
necessário para garantirmos a nossa subsistência. A Bíblia nos diz que aquele
que não quer trabalhar, então que também não coma; orienta também sobre a desnecessidade
daquele que trabalha ajuntar em celeiros, porque digno deve ser o homem de seu
trabalho, ainda que hoje, a maioria dos trabalhadores e aposentados do Brasil
recebam apenas o chamado “salário mínimo” que não é capaz de proporcionar uma
vida digna à família do trabalhador, envolvendo suas principais necessidades
como comida, moradia, saúde, transporte, educação, entre outras. Mas trabalhar
demais, não compensa e não faz bem.
É certo que, às vezes, por razões
tais, sejamos requeridos para trabalhar um pouco mais além da nossa jornada
normal de trabalho, que hoje, no Brasil, é de 8 horas diárias e 44 horas
semanais. E nesse caso tenhamos que fazer horas extras. Isso também é normal.
Nos tempos de Jesus na Terra
temos um registro feito em João 5:17, onde Jesus disse: “Meu Pai trabalha até
agora, e eu trabalho também”. Isso, referindo-se à necessidade de ter que
trabalhar no sábado, dia ao qual os judeus guardavam, deixando de fazer nele
qualquer atividade laboral, seguindo a regra de que o sétimo dia seria para o
descanso do obreiro.
Mas, o trabalho extra, não pode
virar rotina. Mas, aonde faltam obreiros, o trabalho que é necessário, acaba
recaindo sobre os trabalhadores disponíveis. Não é por acaso que Jesus orientou
seus discípulos para rogassem ao Senhor da Seara, para que enviasse mais
trabalhadores, por os campos são grandes e os ceifeiros, muito poucos (Lc.
10:2). É claro que a aplicação aqui é sobre o trabalho espiritual, mesmo
porque, nos dias de hoje, o que mais temos é o desemprego, principalmente por
conta da desqualificação dos trabalhadores.
Voltando ao assunto principal,
podemos concluir que a confraternização, além de ser prazerosa, também se faz
necessária, como uma oportunidade de combate ao stress do dia a dia a maioria
de todos nós.
Há um corinho histórico, não sei
quem foi o seu autor, mas que é muito cantado em nossos dias e que diz: “Que
maravilha é ser uma família, uma família em Cristo Jesus, uma família unida,
uma família real, uma família celestial”.
E isso é verdade. O entendimento
deve ser festejado, a união e a paz devem ser festejadas. Há quem prefira a
contenda, o conflito, a confusão, mas nas igrejas de Deus esse não é o costume.
Brigas, confusões e conflitos são comportamentos malignos e que não combinam
com a vida de um servo do Deus Altíssimo.
Nós somos servos do Deus
Altíssimo. Nós precisamos nos reunir periodicamente para saber como vai a vida
de cada um e, se houver necessidade, também podermos compartilhar com o que
necessita de apoio, um pouco da força que Deus nos tem dado.
“Levai as cargas uns dos outros,
e assim cumprireis a lei de Cristo”, nos ensina o aposto Paulo em Gl.
6:2.
Pelo que já dissemos, não tenho
dúvidas sobre o valor, a importância e a necessidade de, periodicamente,
fazermos nossas confraternizações. E que estas sejam momentos para avaliarmos o
que temos feito, apararmos eventuais arestas que possam existir entre uns e
outros, pedir perdão, chorar, alegrar, abraçar, sorrir e amar aos nossos
semelhantes.
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração,
e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o
primeiro e grande mandamento.E o segundo, semelhante a este, é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos
dependem toda a lei e os profetas”, Mt. 22:37-40.
É com esse espírito que desejo a
todos boas festas e feliz ano novo!
Prof. Izaias Resplandes de Sousa